sexta-feira, 23 de julho de 2010

Festival de Paulínia - Premiação


5 Vezes leva 7 Vezes.

Noite histórica pra minha vida, pro Festival de Paulínia e pro Cinema Brasileiro, isso é fato. As 7 estatuetas comprovam isso.

O domínio de um cinema que demoraram a enxergar foi massacrador. Falo isso porque foi lindo dividir as conquistas com o amigo Jeférson De, diretor do "Bróder" que também subiu inúmeras vezes pra pegas as suas estatuetas.

Ao subir pela primeira vez ao conquistar o Prêmio do Júri Popular, confesso que minhas pernas estavam bambas, tremiam muito. Peguei o microfone e falei com o coração, que nem sempre é bom, mas pelos aplausos vi que fiz certo.

Tinha noção de quanta gente estava representando, da responsabilidade enorme e prazerosa. Lembrei de cada pessoa nos sets, de momentos nas oficinas, dos abraços e olhares.

Entre um prêmio e outro comecei a informar pelo celular os resultados, do outro da linha estava o Cadú, o Luciano e Raoni muito eufóricos com tudo que ocorria. A conexão Rio-Paulínia estava bombando.

Ao término da premiação foi alucinante realizar o sonho de dar entrevistas com várias estatuetas nas mãos, mas com os pés no chão, pensando no leão que devo matar no dia seguinte.

Ao conversar com o Jeférson De, vi o quanto estamos fortes e em sintonia, não é marra, é reconhecimento. Agora nós existimos e vão ter que nos aplaudir. Com certeza aparecerão pessoas tentando apagar o brilho dessa constelação, mas adianto que será em vão, o bonde tá pesado, consciente e ligeiro. Já fazíamos jogadas de Garrincha e Pelé nos campos de areia, agora estamos jogando no gramado junto com os grandes, querendo e mostrando pra que viemos.

-Melhor filme do Júri Oficial

-Melhor filme do Júri Popular

-Melhor roteiro (coordenado por Rafael Dragaud)

-Melhor trilha sonora (coordenada por Guto Graça Mello)

-Melhor montagem (Quito Ribeiro)

-Melhor atriz coadjuvante (Dila Guerra)

-Melhor ator coadjuvante (Marcio Vito)


segunda-feira, 19 de julho de 2010

5X no Festival de Paulínia


Cidade pequena que nada, Paulínia hoje está no mapa e fazendo muito barulho.

A grandeza do Festival é o reflexo disso, passar mais uma vez pelo tapete vermelho foi sensacional.

Tentava disfarçar o nervosismo com sorrisos e brincadeiras, mas era difícil.

Entramos na sala de exibição e veio o impacto, uma sala enorme com mais de 1000 lugares ocupados. Fiz questão de sentar ao lado do Flávio Bauraqui que assistia pela primeira vez, achei os outros atores como Gregório Duvivier e Silvio Guindane para ver suas reações já que atuam no primeiro episódio, e realmente foi inesquecível ver o brilho nos olhos de cada um.

Confesso que tentei segurar as lágrimas mas não deu, a reação do público não deixava. Todos já mostrando felicidade e saboreando com os olhos take a take, cena a cena.

Sem demagogia posso falar que fomos ovacionados, isso foi fato.

Comprovando o sucesso no Festival foi ver nossa coletiva de imprensa lotada, todos com muitas perguntas e matando curiosidades.

Nessa coletiva evitei olhar pra primeira fileira de cadeiras aonde estavam os atores do filme, a vontade de chorar era imensa, mas ali consegui disfarçar. Sei a luta cotidiana desses atores e a importância deles em nosso filme. Obrigado meus atores maravilhosos, amo vocês.

Obrigado mais uma vez a todos meus amigos e irmãos que estão nessa luta do 5X Favela.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

5X no Palácio da Cidade (RJ)


Acabo de chegar da exibição realizada para o Prefeito Eduardo Paes e convidados, confesso que ao ver a platéia fiquei preocupado, em meio de críticos, estudiosos, diretores de instituições e outros, sabia ali que se não gostassem deixariam claro através de aplausos tímidos. Mas não foi isso que aconteceu, graças a Deus fomos ovacionados e recebemos muitas criticas positivas.
Vamos 5 Vezes Favela, a chapa tá voltando a esquentar...

terça-feira, 13 de julho de 2010

A última brincadeira

Ei acorda, pq parou de brincar. Vamos… levanta! Está tão bom nossa brincadeira de pique pega. Dá até pra rolar no gramado, olha que maneiro!

Ei… to falando sério, vem… eu te ajudo a levantar! Que droga vc não quer mesmo né!

Amigo, levanta… vc tá pesado, não te graça! Vem vem veeeem looogo!

Como pode ficar assim de repente!?

Levanta amigo, vamos! Vem brincar, vem!

Vc estava tão feliz ainda pouco. O que houve? Te chatiei? Desculpa se fiz alguma coisa que não gostou, mas vamos voltar a brincar.

Ei… hei… hei, amigo o que significa essa palavra que todos dizem quando olham pra vc assim? Eu não sei, me fala amigo!

Alguém pode me explicar!? Amigo, está todo mundo olhando pra vc, vamos logo.

Tá bom então, vou ganhar na insistência e ficar aqui até que levante, vai ver só! Vou pensando qual será nossa próxima brincadeira.



Texto baseado na cena que vi ao aguardar a van na Av. Brasil pra ir filmar.

Dois cães brincavam no gramado na beira da rua até que um deles infantilmente foi atropelado e morreu no local, o que ocorreu depois foi o que leram.

domingo, 4 de julho de 2010

COPA 2010

Crônica de Carlos Drummond de Andrade, escrita em 1982, no dia em que o Brasil saiu da Copa eliminado pela Itália por 3 a 2. É bem a hora de reler essa obra prima do grande poeta.

Perder, ganhar, viver

Carlos Drummond de Andrade, Jornal do Brasil, 21 de junho de 1982

Vi gente chorando na rua, quando o juiz apitou o final do jogo perdido; vi homens e mulheres pisando com ódio os plásticos verde-amarelos que até minutos antes eram sagrados; vi bêbados inconsoláveis que já não sabiam por que não achavam consolo na bebida; vi rapazes e moças festejando a derrota para não deixarem de festejar qualquer coisa, pois seus corações estavam programados para a alegria; vi o técnico incansável e teimoso da Seleção xingado de bandido e queimado vivo sob a aparência de um boneco, enquanto o jogador que errara muitas vezes ao chutar em gol era declarado o último dos traidores da pátria; vi a notícia do suicida do Ceará e dos mortos do coração por motivo do fracasso esportivo; vi a dor dissolvida em uísque escocês da classe média alta e o surdo clamor de desespero dos pequeninos, pela mesma causa; vi o garotão mudar o gênero das palavras, acusando a mina de pé-fria; vi a decepção controlada do presidente, que se preparava, como torcedor número um do país, para viver o seu grande momento de euforia pessoal e nacional, depois de curtir tantas desilusões de governo; vi os candidatos do partido da situação aturdidos por um malogro que lhes roubava um trunfo poderoso para a campanha eleitoral; vi as oposições divididas, unificadas na mesma perplexidade diante da catástrofe que levará talvez o povo a se desencantar de tudo, inclusive das eleições; vi a aflição dos produtores e vendedores de bandeirinhas, flâmuIas e símbolos diversos do esperado e exigido título de campeões do mundo pela quarta vez, e já agora destinados à ironia do lixo; vi a tristeza dos varredores da limpeza pública e dos faxineiros de edifícios, removendo os destroços da esperança; vi tanta coisa, senti tanta coisa nas almas...

Chego à conclusão de que a derrota, para a qual nunca estamos preparados, de tanto não a desejarmos nem a admitirmos previamente, é afinal instrumento de renovação da vida. Tanto quanto a vitória estabelece o jogo dialético que constitui o próprio modo de estar no mundo. Se uma sucessão de derrotas é arrasadora, também a sucessão constante de vitórias traz consigo o germe de apodrecimento das vontades, a languidez dos estados pós-voluptuosos, que inutiliza o indivíduo e a comunidade atuantes. Perder implica remoção de detritos: começar de novo.

Certamente, fizemos tudo para ganhar esta caprichosa Copa do Mundo. Mas será suficiente fazer tudo, e exigir da sorte um resultado infalível? Não é mais sensato atribuir ao acaso, ao imponderável, até mesmo ao absurdo, um poder de transformação das coisas, capaz de anular os cálculos mais científicos? Se a Seleção fosse à Espanha, terra de castelos míticos, apenas para pegar o caneco e trazê-lo na mala, como propriedade exclusiva e inalienável do Brasil, que mérito haveria nisso? Na realidade, nós fomos lá pelo gosto do incerto, do difícil, da fantasia e do risco, e não para recolher um objeto roubado. A verdade é que não voltamos de mãos vazias porque não trouxemos a taça. Trouxemos alguma coisa boa e palpável, conquista do espírito de competição. Suplantamos quatro seleções igualmente ambiciosas e perdemos para a quinta. A Itália não tinha obrigação de perder para o nosso gênio futebolístico. Em peleja de igual para igual, a sorte não nos contemplou. Paciência, não vamos transformar em desastre nacional o que foi apenas uma experiência, como tantas outras, da volubilidade das coisas.

Perdendo, após o emocionalismo das lágrimas, readquirimos ou adquirimos, na maioria das cabeças, o senso da moderação, do real contraditório, mas rico de possibilidades, a verdadeira dimensão da vida. Não somos invencíveis. Também não somos uns pobres diabos que jamais atingirão a grandeza, este valor tão relativo, com tendência a evaporar-se. Eu gostaria de passar a mão na cabeça de Telê Santana e de seus jogadores, reservas e reservas de reservas, como Roberto Dinamite, o viajante não utilizado, e dizer-lhes, com esse gesto, o que em palavras seria enfático e meio bobo. Mas o gesto vale por tudo, e bem o compreendemos em sua doçura solidária. Ora, o Telê! Ora, os atletas! Ora, a sorte! A Copa do Mundo de 82 acabou para nós, mas o mundo não acabou. Nem o Brasil, com suas dores e bens. E há um lindo sol lá fora, o sol de nós todos.

E agora, amigos torcedores, que tal a gente começar a trabalhar, que o ano já está na segunda metade?